27/04/08

Muito em mim


Muito em mim é querer-te e desejar-te
poeta morto e heterónimo do meu ser,
paz sossegada, luz de muito luar,
muito em mim é ser poeta e homem.

Alba fronte de desejo
de calor em meu sossego
alba negra, perdida e morta
de um poeta calado e morto.

Gente e tanta...
tanta, pequena e errante
desvairada e amortecida
espezinham o belo e o bom.

Muito em mim me condena
e comer a fome e matar a vida
é fechar-me em labirinto
e sorrir ao teu olhar,

É acabar com teu encanto
e gritar sem voz
é amordaçar-te a alma
e perder-te em pecado.

E tu, meu poeta heterónimo
és singular na perfeição
mas perdes minha voz nessa gente e tanta...
e não sabes gritar o belo e o bom....

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